Samaúna: o nome de uma árvore típica da Amazônia foi o escolhido pela Secretaria Municipal de Educação de São Caetano do Sul para denominar um projeto pedagógico que pretende criar um espaço inclusivo para crianças dotadas de altas habilidades. “Assim como as raízes da samaúna, que servem de abrigo e meio de comunicação entre os índios, quando tocadas como tambores, o Projeto Samaúna quer ser um espaço de acolhimento e que promova o diálogo entre as crianças superdotadas e delas com o mundo”, explica o secretário Fabricio Coutinho de Faria.
O projeto nasceu na EMEF (Escola Municipal de Educação Fundamental) Padre Luiz Capra, e teve o apoio do Cecape (Centro de Capacitação de Profissionais da Educação) Dra. Zilda Arns, e da EMNOVA (Escola Municipal de Novas Tecnologias). “Percebemos a necessidade de atender às reais demandas associadas ao diagnóstico de altas habilidades/superdotação”, diz a professora Denise Pattini, diretora do Cecape.
“Disseminou-se a cultura de que as crianças com altas habilidades são autossuficientes, o que não é verdade”, diz a professora Damaris Pegoraro, uma das organizadoras do projeto. “Elas precisam de atenção individualizada. Algumas têm diagnóstico de transtorno do espectro autista e podem apresentar uma incrível habilidade para algumas áreas juntamente com defasagem em outras”, explica a professora, especialista do Programa de Inclusão da EMEF Padre Luiz Capra.
Em fase piloto, o Projeto Samaúna está atendendo inicialmente crianças com idades entre 6 e 10 anos de quatro escolas da rede municipal de São Caetano do Sul: as EMEFs Padre Luiz Capra, Leandro Klein, Senador Fláquer e Bartolomeu Bueno da Silva.
A primeira ação do projeto tem sido o uso da ferramenta educacional Khan Academy para oferecer atividades complementares em diversas disciplinas. A plataforma é gratuita e o seu conteúdo pode ser acessado com um computador ou celular conectado à internet.
As atividades oferecidas, orientadas por textos e vídeos, vão se tornando mais complexas na medida em que a criança vai avançando nos níveis de dificuldade. “Com essa ferramenta, as crianças não se limitam. Tenho aluno do 4º ano que consegue trabalhar conteúdo do 7º”, conta a professora Damaris. A próxima etapa é a oferta de ensino de idiomas.
Uma das crianças atendidas é Lóis de Pee Araújo, aluna do Bartolomeu. Diagnosticada aos 6 anos de idade com Síndrome de Asperger pela Fundação Municipal Anne Sullivan, Lóis tem hoje 8 anos de idade, fala fluentemente inglês e holandês (sua mãe é holandesa) e foi reclassificada do 2º para o 4º ano do Ensino Fundamental, mais adequado ao seu estágio de desenvolvimento. No entanto, mesmo pulando um ano, ela estava desmotivada com as atividades regulares da escola, conta sua mãe, Hendrika. O projeto veio trazer o estímulo intelectual que a família procurava para Lóis. “Ela ficou bastante animada com os exercícios e os vídeos, está gostando bastante. Hoje eu a vejo motivada para estudar”.
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