O que a escola deve fazer quando uma criança está faltando demais às aulas e não se consegue contato com a família? O que fazer quando problemas de saúde do estudante geram dificuldades nas atividades escolares? E quando a família do aluno perde o emprego e passa por dificuldades?
Para responder a esses desafios de maneira mais efetiva e ágil no atendimento ao aluno e sua família, a Prefeitura de São Caetano do Sul articula a união de esforços das secretarias de Saúde (Sesaud), Educação (Seeduc) e Assistência e Inclusão Social (Seais), por meio do Projeto Território Conectado. Nesta segunda-feira (25/10), uma reunião na EMEF Senador Fláquer, no Bairro Fundação, foi realizada com a presença de professores, diretores, assistentes sociais e enfermeiros, dentre outros profissionais ligados às três secretarias.
“A conexão entre essas áreas nos permite estabelecer um fluxo de ações para atender os alunos da rede municipal de ensino de forma integral”, diz o secretário de Educação, Fabricio Coutinho de Faria. “Entendemos a importância de conhecer o contexto em que o aluno vive para podermos fazer uma abordagem mais assertiva”, destaca a coordenadora do Programa Saúde na Escola, Christiane Laporta. “Quando conseguimos entender a causa do problema, o prognóstico costuma ser melhor. Quando profissionais de Saúde, Educação e Assistência Social se unem para discutir um caso, o plano terapêutico fica muito mais eficiente. Cada setor tem um olhar específico e a troca desses conhecimentos é muito benéfica no planejamento das ações. Trata-se de mais um projeto intersetorial com intuito de cuidar de forma integral e melhor da nossa população.”
“Vamos tratar a criança não apenas como aluno, mas como um ser humano em todos os aspectos”, comemora a professora Erika Pereira Barboza de Castro, orientadora educacional da EMEF Padre Luiz Capra, do Bairro Nova Gerty. Erika foi uma das educadoras que participaram da reunião realizada no Cecape (Centro de Capacitação dos Profissionais da Educação) Drª Zilda Arns, com representantes da Seais e da Sesaud, no dia 7 de outubro. “Saí da reunião muito feliz, sentindo-me mais confortável em saber que os parceiros têm a mesma visão, os mesmos objetivos. Agora, eu sinto que tenho mais estrutura e apoio”, afirma Erika.
Ela conta que, antes do projeto, era comum recorrer ao Conselho Tutelar para solucionar casos de absenteísmo na escola, por exemplo. “Hoje, eu sei que devemos encaminhar, primeiramente, ao CRAS (Centro de Referência de Assistência Social)”, esclarece. Da mesma forma, crianças com defasagem de aprendizagem que eram encaminhadas à USCA (Unidade de Saúde da Criança e do Adolescente) podem ser atendidas de forma mais ágil se, primeiro, forem levadas à UBS mais próxima de casa. “A UBS é a porta de entrada do sistema de saúde. Muitas vezes, encaminhávamos à USCA crianças que podiam ser atendidas por um fonoaudiologista da UBS, enquanto na unidade formava-se uma fila de espera por especialista”, diz Erika.
A atividade reuniu proaudis (professores auxiliares de direção) da Educação Infantil e orientadoras educacionais do Ensino Fundamental e Médio, para conversarem sobre os fluxos de trabalho da Saúde e da Assistência Social, de modo a melhor articular os serviços educacionais com os serviços destas secretarias.
Para a assistente social Luciana da Silva Del Santo, representante da Vigilância Socioassistencial da Seais, os profissionais de saúde e assistência social têm condições de conhecer as dificuldades e problemas da população de cada bairro. Dessa forma, eles são profissionais de referência para os educadores de cada território, como são chamadas as 13 regiões nas quais a cidade foi dividida, conforme a localização de unidades básicas de Saúde e centros de Assistência Social.
“Temos a real possibilidade de melhorar, ainda mais, a qualidade de vida em São Caetano, sem custos adicionais para o poder público municipal, com disponibilidade e inteligência de gestores das diferentes secretarias e seus servidores para coordenar os serviços e recursos da cidade”, comemoram Christiane Laporta, Luciana Del Santo, Fabio Toro, Patrícia David, e Wesley Dourado, servidores das três secretarias que estão coordenando o projeto Território Conectado.
PRÓXIMO TERRITÓRIO: SÃO JOSÉ
As atividades do Projeto Território Conectado começaram em 2019 e precisaram ser interrompidas em função da pandemia. Em setembro de 2021, as atividades presenciais foram retomadas com reuniões no Cise Benedicto Djalma Castro e na escola EMEF Laura Lopes, no Bairro Prosperidade.
“No primeiro encontro, o grupo de servidores municipais, que atua nos serviços públicos do Bairro Prosperidade, revisitou o diagnóstico e metas esboçadas em fevereiro de 2020. No segundo encontro, as secretarias envolvidas nesse estágio da ação (Assistência e Inclusão Social, Educação e Saúde) apresentaram seus fluxos de trabalho de um modo geral. Foi ocasião rica para troca de informações e identificação das necessidades específicas da população do bairro”, destaca Wesley Dourado.
Na sequência iniciou a articulação de profissionais do bairro Fundação e o próximo será o São José. “Em breve a ação deve se estender a outros bairros e, no menor tempo possível, para toda a cidade”, informa o professor Fabio Toro.
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